Paralimpíadas: Como os atletas deficientes visuais competem com seus guias

Os Jogos Paralímpicos recebem atletas com diversas deficiencias, dentre elas os deficientes visuais. Dos esportes que eles praticam, alguns requerem o auxílio de guias para a própria liberdade esportiva do atleta. Confira abaixo como funciona a competição para atletas e seus guias em diferentes esportes:

Natação

Na natação, os atletas com problemas de visão competem com o auxílio do tapper na beira na piscina, a pessoa que os avisa quando estão prestes a chegar ao final, para que girem e finalizem a prova.

De acordo com a explicação da Federação Espanhola de Esportes para Cegos à Verne, esse papel costuma ser exercido pelos técnicos e treinadores de cada atleta, que com uma ferramenta personalizada dão leves toques na cabeça dos nadadores. Existem diversos dispositivos para o tapping. O mais comum é o bastão com espuma sintética em um dos lados.

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Dentro da piscina, para não sair de suas raias, os nadadores com deficiência visual encostam nas cordas que separam as balizas. Além disso, o regulamento obriga todos os nadadores que competem na categoria S11 (Atletas com deficiência visual/cegueira) a levar óculos escuros. Dessa forma, os que têm certo grau de percepção competem nas mesmas condições dos que perderam completamente a visão.

Ciclismo

Os atletas com deficiência visual competem na modalidade Tandem com um guia com visão na categoria B dos Jogos Paralímpicos. O piloto com visão fica na parte da frente e como copiloto, na parte de trás da bicicleta, fica a pessoa com deficiência visual.

No site Alto Rendimento, Pedro García – preparador físico e competidor no tandem com Fernando Pérez Hornero – explica que nessa modalidade é fundamental trabalhar durante os treinamentos com a coordenação e a confiança entre os dois corredores. Os dois ciclistas não só devem pedalar na mesma sintonia, como também devem sair da bicicleta, virar e manter o equilíbrio ao mesmo tempo em situações complicadas.

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Atletismo

De acordo com a Federação, só existem três provas que os atletas com deficiência visual não podem competir: as de obstáculos, as corridas com barreiras e o salto em altura. Podem competir nas outras provas de atletismo adaptando-se às modificações previstas no regulamento.

Nessa categoria existem dois tipos de acompanhantes: os guias atletas, que entram na pista durante as corridas, e os guias indicadores, que orientam os atletas nas provas de salto e nos lançamentos de disco e pelo.

Segundo Pedro Maroto, técnico responsável pelo atletismo paralímpico, os guias hoje em dia são “quase profissionais. Precisam ter uma marca melhor que o atleta e se o atletismo sobe o nível, os guias também precisam fazê-lo”. Os treinamentos, diz Maroto, são realizados de forma conjunta e “a coordenação entre ambos é essencial, sendo até mesmo interessante que tenham as mesmas medidas antropométricas”.

Os guias atletas utilizam uma corda para competir unidos pela mão. Segundo Maroto as cordas devem respeitar duas regras: “Não serem elásticas e não medirem mais de um metro”. Além disso, guia e atleta “devem sempre correr juntos e os guias não podem impulsionar e empurrar seu atleta”.

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Na prova de Maratona a regulamentação do Comitê Paralímpico Internacional permite que cada deficiente visual leve dois guias, que podem revezar nas quilometragens 10, 20 e 30.

Os guias indicadores, por sua vez, avisam o momento exato em que o atleta deve realizar um salto ou lançamento para orientá-lo na zona regulamentar e evitar que pise, por exemplo, nas linhas de penalização. Maroto explica que isso é feito “com palmas, vozes ou outra orientação acústica”. Nas provas de salto em distância, a tábua de impulsão é substituída por uma marca de cal que permite medir o salto do ponto exato em que se produz a última pegada.

O arremessador de disco e peso David Casinos, tetracampeão nos Jogos Paralímpicos, conta que além das indicações do guia, é fundamental a orientação da cabeça e o trabalho de pernas para arremessar o objeto na direção desejada.

Triatlo (Categoria: PT5)

Diferentemente de outras corridas de fundo como a maratona, onde os paralímpicos cegos contam com dois guias – que se revezam na metade da prova –, na categoria PT5 de triatlo os competidores levam um único guia para as três modalidades, como explica o regulamento da Federação Internacional de Triatlo. Guia e competidor devem ser do mesmo sexo e nacionalidade.

Héctor Catalá, campeão da Espanha e da Europa de triatlo PT5, explica como trabalha com seu guia durante a corrida: “Na natação vamos unidos pela cintura ou perna, e é o guia que nos dirige para as boias”, conta. “No ciclismo é onde mais nos diferenciamos, já que usamos uma bicicleta de dois lugares. Por sermos duas pessoas fazendo força sobre a mesma transmissão, em circuitos planos, voamos. Na subida, a vantagem já não é tão evidente”. Depois, na corrida, “há duas opções, amarrados pelo cinto portadorsal ou com uma corda, segurando uma ponta cada um”.

Os Jogos Paralímpicos do Rio serão os primeiros da história em que haverá competição de triatlo.

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Futebol

Nos jogos do Rio existem duas modalidades de futebol: o futebol de 7, para diferentes graus de deficiência, e o futebol de 5, exclusivo para deficientes visuais. Esta modalidade, conforme explica o regulamento da Federação Internacional de Esportes para Cegos, é jogada em terreno descoberto para permitir uma acústica ideal. Os três terços do campo são demarcados e, atrás dos gols, encontra-se a área de guias.

As funções do guia, conforme explica o pesguisador Guido Gastón Suárez são: orientar aos jogadores no terço ofensivo do campo, indicar a distância de um jogador até o gol, informar do número de defensores que um jogador tem entre o gol adversário e ele mesmo, ajudar a saber o ângulo do gol, indicar a posição dos companheiros e orientar os jogadores quando devem ir para a defesa. A bola é equipada com guizos para que os jogadores saibam sua posição e trajetória.

Judô

O judô é, conforme explica o site da Federação Espanhola de Esportes para Cegos, uma das modalidades com menos modificações em relação à olímpica. “Existe somente uma modificação do regulamento, que determina que as provas devem começar com os dois esportistas agarrados”, descreve. “Se os judocas se soltarem em algum momento, o árbitro interromperá a prova para que voltem a se agarrar”.

Além dos gestos convencionais com que os juízes se comunicam, o judô para deficientes visuais inclui novos sinais auditivos e táteis para transmitir as decisões aos esportistas. Por exemplo, o regulamento de judô da Federação Internacional de Esportistas Cegos determina que “cada vez que o árbitro anunciar um ponto ou penalidade, além de utilizar o termo e o gesto convencionais, deverá anunciar ao (azul) ou shiro (branco), em função do atleta em questão”.

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No judô paralímpico competem somente atletas com deficiência visual. Não há categorização e os competidores são divididos por peso, da mesma maneira que os atletas não deficientes.

Via: El País

Você conhece os Audiogames?

Os audiogames são jogos que utilizam o som para construir a jogabilidade do jogo, eliminando assim, o papel do vídeo. Tal característica os torna acessíveis para deficientes visuais de diferentes graus.

Existem diversos  tipos de audiogames, alguns contam com recursos gráficos, outros com sonoridades 3D ou normal, mas tudo depende da proposta do jogo.

A sonorização em 3D cria uma sensação de áudio em 360 graus que disponibiliza todo o auxílio que o jogador precisa para jogar e localizar todas as ações do jogo.

Os audiogames que não precisam desse modelo de áudio, utilizam o áudio simples que apenas indica uma ação e reação. Como acontece na adaptação de “Campo Minado”, por exemplo: o jogador se move no tabuleiro pelas setas do teclado e o efeito sonoro indica as casas disponíveis, as que já foram abertas, o limite do tabuleiro e a mina. Essa indicação sonora pode ser feita por um narrador ou por uma narrativa que oferece opções de movimentos para o jogador escolher.

Exemplo de audiogame:

As novidades no mundo dos jogos acessíveis ficam ao encargo da criatividade dos desenvolvedores. Alguns deles criam meios para que jogadores videntes também possam jogar, desenvolvendo jogos online com gráficos bem trabalhados e áudio imersivo que agrada a todos os públicos.

Além do entretenimento, os audiogames também podem ser usados como terapia para diferentes tipos de deficiência. No caso da visual, os jogadores desenvolvem sua audição e aperfeiçoam sua capacidade de percepção do ambiente, além de aumentar a confiança e autoestima. Para as pessoas videntes, esses jogos ajudam a testar a capacidade auditiva.

Fonte: TechTudo

 

Como são os sonhos de um deficiente visual

Sonhar com situações do dia a dia ou com aquele rosto que vimos pela manhã, é algo normal em nossas noites de sono. Mas você já se perguntou como são os sonhos de uma pessoa com deficiência visual? Nesse texto, iremos explicar melhor.

Nossos sonhos são compostos por imagens que temos em nossas lembranças, sejam de ontem ou de anos atrás. Sendo assim, as pessoas que ficaram cegas em algum momento de suas vidas, sonharão com o que elas viram antes de portar a deficiência, incluindo as cores. Mas as suas lembranças ficam “congeladas” na memória, assim, a idade das pessoas e de tudo que eles viram pela ultima vez, serão as mesmas.

Há quem perdeu a visão enquanto bebê ou bem novo, nesse caso, suas imagens serão bem rudimentares, pois os bebês não enxergam muito bem.

No caso de quem já nasceu com deficiência visual, os sonhos são lembranças do dia a dia e de suas vivências, iguais aos nossos. Mas nesse caso, como eles não possuem lembranças visuais, seus sonhos são compostos por imagens perceptivas como imagens auditivas, táteis, olfativas e gustativas. E mesmo sem terem imagem visual, a sensação que um deficiente visual de nascença tem ao sonhar, é a mesma em relação a uma pessoa que pode enxergar.

Apesar de possuírem suas limitações, as pessoas com deficiência visual não são tão diferentes das pessoas que enxergam, nem em seus cotidianos e nem em seus sonhos.